segunda-feira, 12 de abril de 2010

Logística Ambiental: Resíduos se transformam em Matéria-prima.

Há muito tempo o lixo passou a ser chamado de resíduo e agora o que é resíduo para alguns; para outros é matéria-prima. De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, resíduo é algo que seu proprietário não mais deseja, em um dado momento e em determinado local, e que não tem um valor de mercado. Segundo a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, resíduos são materiais decorrentes de atividades antrópicas, gerados como sobras de processos, ou os que não possam ser utilizados com a finalidade para a qual foram originalmente produzidos. Os resíduos resultam, via de regra, do uso impróprio de materiais ou de energia, ou decorrem de processos produtivos inadequados ou mal geridos.

As empresas dentro de um processo produtivo liberam resíduos que podem ser reaproveitados, reciclados na mesma ou podem ser vendidos como matéria-prima à outra empresa que transformará em produto e devolverá ao mercado como um novo produto. Este resíduo que é matéria-prima para estas empresas ganham no custo e no valor agregado.

O desafio é fazer do resíduo uma matéria-prima e com isso um novo produto. Recentemente visitei o CEA – Centro de Educação Ambiental da Vila Pinto e em conversa com a Marli Medeiros percebi que ainda há muito resíduo a ser reciclado, O CEA desenvolve um projeto ambiental com sustentabilidade social, onde há inclusão das pessoas da comunidade neste trabalho de reciclagem do galpão. São famílias tendo receita através da reciclagem . Outro desafio para as empresas é minimizar no processo produtivo na geração de resíduo. Cada empresa tem um tipo de resíduo e cada tipo deve ser tratado de maneira diferente, ou seja, com técnicas adequadas ao tipo de resíduo. Muitas destas soluções de minimizar os resíduos no processo está na modernização de máquinas que aproveitarão toda a matéria-prima durante o processo ou ainda em programas de gestão e educação ambiental. Na questão de modernização do chão de fábrica implica em investimentos tecnológicos e isso depende do quanto à empresa quer investir e na sua capacidade de investimento. No momento, estuda-se um problema de sobras de silicone num processo industrial, onde há uma sobra de 30% deste resíduo. Nossa equipe de estudo foi até o local verificar, identificar possíveis causas do problema e conhecer o processo industrial. A equipe é composta por pessoas de diversas áreas: Administração – Dalva Santana, Biologia – Joviane Petry, Analista de Sistemas – Marlon dos Santos, Engenharia Química – Eduardo Batista e Física – Queila Benck. A equipe deverá mapear o problema e sugerir uma solução ao problema encontrado: 30% de sobra de um certo resíduo. No trabalho de reconhecimento na empresa verificou-se tonéis de sobras com retalhos do resíduo, fotos do local e coletamos amostras para análises. O mapeamento na cadeia: desde o inicio do processo: preparação da matéria-prima , processamento da matéria-prima, normas de manuseio nas máquinas, manutenção e a finalização do produto que poderia ir para estoque de produtos acabados ou ir direto para a expedição e posteriormente ser distribuído (entrega ao cliente).

. A busca de informações vale ouro quando se vai a campo fazer o reconhecimento de uma problematização como esta e foi na empresa JOPLAST – Reciclados e Serviços ( jrjoplast@ig.com.br ), que conseguimos inserir uma reutilização deste resíduo, uma vez que a reciclagem não poderia ser utilizada neste caso devido ao alto custo energético (por volta de 600 kcal) no processo. A reciclagem para este problema não foi uma opção desde o inicio, pois o custo energético seria um empecilho a otimização do resíduo. Na JOPLAST, o resíduo deve ser reutilizado na opção de isolante.

Como resultado se teve à inserção de uma nova matéria-prima a JOPLAST e conseqüentemente uma nova reutilização do silicone que para a outra empresa era um problema a ser resolvido . O que para alguns é um problema: sobra de resíduo; para outros é matéria-prima que agrega valor e gera mais renda. Segundo o CLM (1993) – Council of Logistics Management, a Logística Reversa é um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens. Já a definição apresentada por Dornier et al (2000), a Logística Reversa é a gestão de fluxos entre funções do negócio, ou seja, abrange o gerenciamento dos fluxos reversos. No caso apresentado verifica-se este fluxo reverso quando apresentamos o resíduo sendo disposto pela empresa como um sobra do processo industrial e reutilizado por outra empresa que o devolve ao consumo sob outra forma. O ciclo de vida deste produto, que momentaneamente tornou-se um resíduo dentro de um processo qualquer foi revitalizado através da solução encontrada: reutilização do mesmo e assim a devolução no ponto de consumo na forma de um sub-produto.

A Logística Ambiental ou Reversa agrega valor na cadeia com o objetivo de tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais ao ciclo produtivo e posteriormente no ponto de consumo novamente. Agrega valor econômico, social, ecológico, legal e de localização ao planejar os bolsões reversos e informações de como operacionalizar os mesmos. Pode-se verificar neste case um fluxo reverso dentro da aplicabilidade da Logística Reversa operacionalizando soluções nas empresas e otimizando a função logística.

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